domingo, 9 de agosto de 2009

"Porque, te adoro, Corumbá!"



Contemplando entre as palmeiras da Avenida
Os pássaros de pólvora em volteios
Sinto a magia pantaneira efervescer no caso
Enquanto o caramujo escorrega na folhagem.
Gosto dessa hora porque o povo se movimenta
Na Pracinha
As crianças brincam de cabra-cega
Cola-pau ou pegador
Enquanto os maiores vão de eskates
Ou bicicletas
E o pipoqueiro estoura seu milho ouro em branca nuvem.

Gosto de ficar contemplando o Pantanal
As garças alvas alvos flash abracadabra
Jacarés disfarces troncos
Águas-pés vitórias régias,
Lá no fundo o pescador
Pesca a dor sobrevivente numa sub-vida-aquática.

E assim no lusco-fusco no entremeio das palmeiras
Diviso no vapor da fuga a magia corumbaense
Por isso que eu te adoro, Corumbá!

"Porto-Fólio"





O ruflar das asas
Do pássaro involuntário
Insinua-se com sofreguidão
No meio da frase
Abrindo um parênteses
Para que o Poeta descreva
Com enlevo o drama
Que ocupa o andar térreo
Da realidade!

O vôo célebre
Risca o azul da amplidão
Descortinada e o olho estático
Do arranha-céu espia o vácuo.
E das janelas opacas silhuetas
Pintam desenhando sombras
E se esgueiram no luar.
E o Poeta continua solfejando


A melodia do prazer e do Amor!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Fruto Cálido da Esperança"




A beleza do amor
Está na incerteza;
A dureza desta dor
Está na pureza;
O fruto cálido a esperança
Amadurece no gesto lânguido
De saber que a felicidade
Existe em algum lugar.

Por isso os versos surgem
No compasso de espera
Tamborilando a melancolia.

Por causa disso a melodia
Trescala nos meandros sutis
Daquele sorriso inefável.

Por isso e mais aquilo...
A essência da saudade
Emudece todo estilo.

"Poeta In (finito)"




Não me escondo
Atrás de verso
Vou à frente
Em combate
De
Palavras
Armando luta.

Não me escondo
Atrás de rima
Vou bem rente
Perfilando
Lado a lado
Do seu verbo
Atingindo estilhaços
Na inércia da miséria.

Meu combate
Rifle espouca
O projétil
Prova o fogo
E no raio do disparo traço o rumo da minha vida.

Quero a paz
Branca voando
Tendo ao fundo azul do céu.

Fastio



Na
Atômica
Lacuna
Do meu pensamento
Transcrevo
A frase curta
Do meu viver
Enquanto
A orquestra orgástica
Estribucha
Sons pelo corpo do mundo infame.

No
Abismo
Da lâmina
Do tempo,
Busco,
Rebusco
As águias do beijo
Cálido
Cuja marca ficou gravada
No pulso do destino
À guisa de tatuagem.


"O que vale é a mensagem"



Talvez por meu descuido literário
Não segui o itinerário
E o resultado se estampou
No quadro-negro da saudade
E as cebolas da morte
Se esparramaram na sargeta.

Também quem mandou rimar
Amor com dor!

E o búfalo da vida vai campeando
Pela várzea da ignorância
E o pobre poeta esboça uma risada apodrecida.
Fora de sua mente o mundo é outro.

Também quem mandou rimar
Doce com foice!

Talvez por meu descuido literário
Até perdi o calendário
Mas isso não importa...
O que vale é a mensagem
E não o meio
!

"Poemas para a Musa Secreta"



Os ossos do verbo
Fustigam o meu pensamento
Obrigando-me a sair
Do porão da solidão
E a caminhada
- Via crucis dolorosa -
Num descortino visual
Me atirou na realidade.

Acordo-me de súbito
Vendo a sua imagem linda
Enquanto a sua imagem linda
Enquanto as palavras provisórias
Do horizonte
Se agrupam em novas histórias
Me argo-coração então
Lançando âncoras aporta no olhar
Felino e doce.
Pronto! De novo guerreando
Intimamente
Não sei o que fazer
Pra te esquecer.
O jeito é sonhar pelo impossível.

"Sulcos de Esperança"

No corpo da palavra
Gravei a minha louca vontade
De beijar os lábios da minha fada
Deusa musa idolatrada!
Forma inusitada de manter o meu segredo
Já que o galo do poema alçou vôo na amplidão
E a víscera palavra se oculta
Nos olhares lavratura amorosa proibida.
Não! Não permita, ser supremo
Que ela possa descobrir os meus anseios.
É tão bom sentir as pétalas do alvorecer
Saindo dos lábios tão lindos... De morrer!
É tão bom imaginar um toque divinal
Em seus cabelos...
É um prêmio infinito a sua companhia
- Fruto sazonal da alegria –

Lavrando sulcos da esperança e poesia.

Dia de chuva



A música pluvialmente tamborila
No telhado velho com monotonia
E o sono toma conta assim da gente
Nada a nossos olhos já perfila...
Cada pingo soa puro poesia!

O ar ganha perfume e o céu fica escuro
A chuva forte abate e derruba o vaga – lume
Que debate em desespero no barro puro
E o sol se esconde no horizonte de ciúme.







"Poema Milagroso Indecifrável"




Um riso desenha languidamente
O segredo que se esconde em seu olhar
Sua voz, às vezes, demonstra a incerteza
Que procura fustigar – lhe o coração.

Seu rosto, quadro perfeito, assinala
Que você é uma pessoa especial.

Um riso, – suave melodia que incendeia
Uma voz, - alarme perfumoso inebriante
Um rosto, - dilema bélico que encanta
Tudo compõem o enigma
Cujo decifrar é uma odisséia.

Porque tudo isso?
O que poderei fazer para mudar
Esta situação?
Sei lá! Meu tormento se transcreve
Nas asas do vento e esborracha
Nos corredores do tempo
Para acabar milagrosamente num poema.




Elementos

Às vezes fico pensando:
Quem sou eu na verdade se:

O ar
É um sopro divino
Que deu vida ao homem,
Que carrega mil sonhos,
Diluídos no vento.

Às vezes fico pensando
E não encontro explicação, se:
A água
É de Deus a doce lagrima,
É do céu a simples chuva,
Que o mundo é o choro.
A água não é mais do que H2O.
Então serei louco?
Então por que será que:

O fogo
É uma chama. Foi do inferno,
Mas clareia o paraíso;
Queima, anima e é mistério.
O fogo domina o mundo.

E a terra é redonda. É uma bola, nela
Nascem às flores e os homens, animais e tudo mais.
A terra da lua é igual à terra da Terra?...